Encontrei isto pela net, e achei de grande pertinencia coloca-lo aqui também, de forma a que todos possam reflectir sobre o seu conteudo:
O Bloco de Esquerda não passa de um PNR de sinal contrário. Nunca viram o BE defender a instauração de uma economia centralizada no Estado (e a consequente abolição da economia de mercado), pois não? É claro que não. Se o afirmassem, perderiam metade dos seus votos. Tal como nunca viram ou verão o PNR a defender o envio de todos os pretos para África ou a instauração de um regime ditatorial. Se o fizessem, talvez até fossem ilegalizados.
Uma regra de ouro dos partidos dos extremos do espectro político é não revelarem as suas propostas radicais para a transformação da sociedade e do sistema político. Hitler, quando concorreu às eleições, também não disse que ia instituir uma ditadura, declarar guerra aos seus vizinhos e exterminar os judeus. Da mesma forma, o PCP também não diz que pretende implantar uma ditadura do proletariado. O BE é mestre na arte da dissimulação. E tem sido muito eficaz. Mesmo aqueles que não votam no BE, vêm-no como um "partido jovem", "inovador", "que diz umas verdades", "uma alternativa"... O BE goza de uma simpatia ímpar por parte dos media. Ao contrário do PCP que, no seu congresso, tem a frontalidade de se afirmar um partido marxista-leninista, o BE não revela a doutrina política que defende. O BE apenas defende abertamente causas que sabe que podem ser capitalizadas em votos. O aborto e o desemprego são duas delas. Isto porque a maioria do povo português é a favor do aborto e, obviamente, contra o desemprego. Em contrapartida, causas que o BE sabe serem menos populares como o casamento de homossexuais, a adopção de crianças por casais homossexuais, ou a abertura das fronteiras a qualquer candidato a imigrante, já quase não são referidas durante a campanha eleitoral.
Mas afinal quem é o BE? O BE é um partido com "ares modernos", mas que transporta consigo uma matriz ideológica muito antiga que remonta ao século XIX. Os seus membros têm inúmeras referências ideológicas da primeira metade do século XX: Lenine, Trotsky, Rosa Luxemburgo, etc. O BE foi constituído pela fusão do PSR (um partido trotskista), da UDP (marxista-leninista) e da Política XXI (marxistas algo indefinidos dissidentes do MDP e do PCP). A UDP, recordemos, era um partido que tinha como país-modelo a Albânia... As convicções não mudam de um dia para o outro. O Bloco continua a ser um partido marxista, mesmo que não o assuma publicamente.
O BE tem muita votação no seio de jovens urbanos, estudantes e funcionários públicos. Pessoas com pouca experiência de vida, do que é trabalhar a sério e/ou com pouco cultura política. Francisco Louçã é um hábil orador, sem dúvida. Mas o facto de ser intelectualmente acima da média, não o torna um político com uma visão lúcida do mundo. Oliveira Salazar era também um homem intelectualmente acima da média e, no entanto, contribuiu para o isolamento e consequente atraso de Portugal. Os membros do BE não fazem a mínima ideia do que é gerir, porque a esmagadora maioria deles nunca geriram qualquer organismo, empresa, autarquia ou sequer junta de freguesia. Criticar e lançar propostas ousadas é fácil. O problema é quando se passa para a sua aplicação, e para a prática da gestão de um país. O BE pode defender as propostas mais irrealizáveis possíveis como a de dar pensões aos idosos superiores a 300 Euros mensais (o que é ser mais "socrático" que Sócrates) porque nunca ganhará as eleições e, como tal, não terá de provar como conseguiria tal coisa sem provocar um rombo nas finanças públicas. Francisco Louçã é um Economista (professor até) e, no entanto, não deixar de surpreender a pobreza de propostas do BE na área económica. Apenas insiste na estafada questão da fuga ao fisco (como se isso fosse a solução para os problemas do país) e da zona franca da Madeira (que, na realidade, não passa de um mal menor).
Marx deu contribuições interessantes à ciência económica, mas a aplicação prática da sua doutrina teve consequências trágicas. Não se trata aqui de acenar com o "papão comunista", mas convém lembrar que não houve doutrina política em toda a História da humanidade que tivesse causado simultaneamente mais morte e miséria do que o marxismo. A História tem um grande papel: o de aprendermos com os erros passados, para não os repetirmos. Não nos devemos, por isso, deixar enganar por marxistas com maquilhagem moderna, subitamente travestidos de democratas.
Após 80 anos de diversas abordagens e experiências provou-se que o Marxismo é uma impossibilidade técnica. É incompatível com diversos aspectos da natureza humana (que é ambiciosa e competitiva). Todos os regimes marxistas caracterizaram-se por uma enorme ineficiência: as pessoas trabalhavam só o mínimo necessário para não serem chateadas. A produtividade era baixíssima. Como a produtividade era muito inferior aos regimes capitalistas, o caminho para o ideal Comunista cedo se viu comprometido. Como seria possível proporcionar bem-estar a todos os cidadãos, se não conseguiam ser criadas condições económicas para tal? Este foi o grande dilema do Marxismo. Os trabalhadores dos países comunistas viviam pior do que os seus congéneres capitalistas democráticos. No final dos anos 80, já poucos na Europa de Leste acreditavam que o Comunismo fosse viável (ou, se preferirem, alcançável). Por isso, os regimes comunistas caíram todos sem violência (à excepção da Roménia), uns atrás dos outros, como se de uma construção de dominó se tratasse. E caíram tão facilmente porque já nem sequer os seus líderes acreditavam no sistema.
Desde a queda da URSS que o Marxismo passou para o domínio da crença religiosa. Pese embora todas as experiências falhadas (desde as mais ou menos Leninistas às mais ou menos Maoístas, passando pelas mais ou menos Castristas ou as mais ou menos Titistas), os seus defensores ainda julgam que o Comunismo é um ideal desejável e viável. Eles crêem que as experiências passadas falharam devido a desvios ideológicos, erros governativos, perversão dos princípios, etc. Ou seja, segundo eles, o problema nunca esteve na doutrina, mas na sua aplicação... Por isso, poderão ouvir os líderes do BE dizerem mal da URSS e outros regimes marxistas passados porque o BE, tal como os restantes grupos de crentes no Marxismo, estão convencidos que a sua particular variante da ideologia contém a receita certa para o êxito. Não se pense que existe rigor teórico algum em tais teorias. Trata-se de um fenómeno de pura crença irracional de pessoas que encontram no marxismo uma forma de preencher o vazio deixado pelo seu abandono das religiões tradicionais. Tais grupos não conseguem ver aquilo que já é óbvio para muitos: que os ingredientes para a falência dos regimes marxistas passados estão também contidos na sua particular variante. É neste sentido que o BE não é mais do que uma "seita" dentro do ainda significativo grupo de crentes no marxismo. No entanto, o BE é a mais perigosa seita marxista portuguesa pois é o único que não se assume abertamente como tal.
"Life's too short for things that don't last"